Não bastasse o mau exemplo que hoje somos para o mundo no que diz respeito à corrupção, incompetência na administração pública e sucessivos erros na política econômica, os erros do Brasil na questão da saúde também se tornam motivo de preocupação internacional.

Na última semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a disseminação do zika vírus e sua provável ligação com casos de microcefalia tornaram-se uma emergência de saúde pública mundial.

Diante da demora do governo brasileiro em agir, mesmo com milhares de casos de microcefalia e outras complicações neurológicas, a OMS chamou para si a responsabilidade de lidar com o problema.

Com essa declaração, espera-se que haja uma mobilização internacional em torno de pesquisas sobre o tema, na busca de vacinas e tratamentos.

Mas há dois aspectos, no Brasil, sobre a doença que precisamos analisar.

O primeiro deles diz respeito ao futuro das milhares de famílias já atingidas pela microcefalia. Que tipo de assistência será garantida a essas crianças que, em muitos casos, serão dependentes pelo resto da vida?

É uma questão que precisa ser respondida pelo governo e pelo Congresso brasileiro. Devemos discutir o assunto com urgência.

Outro ponto que precisa ser debatido é de que forma conseguiremos mobilizar a sociedade brasileira para o combate ao mosquito aedes aegypit?

O governo brasileiro foi omisso, demorou muito a agir no caso do zika vírus, mas não seria justo dizer que a culpa é só dele.

Há décadas o Brasil luta contra a dengue. São milhões de casos ano a ano, mas continuamos assistindo cenas de imóveis abandonados, lixo nas ruas e água parada.

Essa é uma guerra de todos. Se queremos evitar que boa parte de uma nova geração seja acometida pela microcefalia, precisamos todos nos mexer. Caso contrário, o futuro dos brasileiros que estão para nascer poderá ser muito triste.